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13 de set. de 2008

Ensaio Sobre Cegueira (2008)




Uma inédita epidemia de cegueira, inexplicável, que se abate sobre uma cidade não identificada. Tal "cegueira branca" - assim chamada, pois as pessoas infectadas passam a ver apenas uma superfície leitosa - manifesta-se primeiramente em um homem no trânsito e, lentamente, espalha-se pelo país. Aos poucos, todos acabam cegos e reduzidos a meros seres lutando por suas necessidades básicas, expondo seus instintos primários. À medida que os afetados pela epidemia são colocados em quarentena e os serviços do Estado começam a falhar, a trama segue a mulher de um médico, a única pessoa que não é afetada pela doença.

Quando cineastas se destacam aqui no Brasil, não demora para eles fazerem um novo longa “fora de casa”. Acontece com Walter Salles e Fernando Meirelles. Os dois são responsáveis por duas grandes obras-primas do cinema nacional. Esqueça completamente as críticas negativas em cima de Ensaio Sobre a Cegueira no festival de Cannes, no evento o longa foi apresentado com uma edição péssima, mesmo assim conseguiu elogios e a comoção de José Saramago (Grande escritor português, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura). Acontece que o filme é complicado e o livro é muito mais. Na obra literária de José Saramago, não há vírgulas, travessões ou qualquer outra regra convencional que estamos acostumados a ler. O que mais me chama atenção na história é o fato de não haver nomes dos personagens. Temos o Médico (Mark Ruffalo), Mulher do Médico (Julianne Moore), Garota de Óculos Escuros (Alice Braga), Primeiro Homem Cego (Yusuke Iseya)...

Meirelles constrói uma história complicada de se trabalhar, nada teria dado certo se não fosse a impecável fotografia de César Charlone (responsável pela fotografia de “O Banheiro do Papa”) não me surpreenderia se ele fosse indicado na próxima maratona de premiações da sétima arte. O foco do filme, no entanto, não está centrado numa forma de encontrar a cura para a epidemia, mas sim num novo jeito de “Enxergar” o mundo, pondo as pessoas em situações que jamais imaginaria estar. Fazendo-as entrar numa nova vida perdendo tudo aquilo que consideram civilizado. É no momento que o Velho da Venda Preta no Olho – personagem de Danny Glover – (re)apresenta aos cegos a música que havia sido esquecida, fecho os olhos e finalmente entendo a frase do pôster: “Sua visão do mundo nunca mais será a mesma”.

Há muitas apostas em cima do longa como um dos indicados à melhor filme no Oscar. Meirelles já disse que o filme não faz o “estilo” da academia. Eu também acho que não, mas numa época em que até um Blockbuster pode ser indicado à melhor filme eu até arriscaria palpitar. Já disseram que Ensaio Sobre a Cegueira seria inadaptável, discordo. Nada é impossível de adaptar, desde que tenha um roteirista que saiba separar o que vai ser útil num filme e o que não vai ser. Don McKellar felizmente soube. Não li o livro todo, só o comecinho, justamente para evitar comparações com o filme.


7 comentários:

  1. Infelizmente, "Ensaio Sobre a Cegueira" não estreou aqui em Natal! Assim como você escreveu, também não acho que o filme fará o estilo do Oscar. Se for reconhecido, talvez seja nas categorias técnicas, assim como aconteceu com "Filhos da Esperança".

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  2. Cara, não to segurando a ansiedade. Quero assistir o mais rápido possível! Seu texto ficou ótimo.

    Ciao!

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  3. •Kamila, é uma pena que não tenha estreiado por aí. Creio que o filme será reconhecido nas categorias técnicas do Oscar. Ao menos por aqui, na premiação do Tablito, o longa vai aparecer pelo menos em cinco categorias.

    •Wally, vá sem medo. A obra é indispensável para os cinéfilos. E obrigado!

    Abraços

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  4. 5 estrelas muito merecidas!
    Mas realmente não faz muito o estilo do Oscar, mas caso concorra será mais em categorias técnicas mesmo.

    Bom final de semana.
    Mateus

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  5. ô raiva, todo mundo vendo e eu ficando pra trás... numa cidade de uqase um milhão de habitantes, esse filme aind anão estréoiu nos cines daqui e olhe que são dois!

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  6. •Mateus, acho que todos concordam que o filme não é "Oscarizado", só para categorias técnicas. Fotografia é minha principal aposta.

    •Robson, não entendo. O filme não tá chegando em muitas cidades mesmo. Compreendo sua raiva. Queria muito assistir "Linha de Passe" mas o filme não estreou por aqui.

    Abraços!

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  7. Filme muito bom! Excelente adaptação e ótimo lado técnico. Só achei que todo mundo tem preterido a Julianne Moore, cuja interpretação é a melhor entre as femininas desse ano...

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