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2 de set. de 2010

Direito de Amar (2009)


É extremamente raro você se deparar com um filme como Direito de Amar (cuja tradução literal seria "Um Homem Solteiro" e seria, sim, mais apropriado). Quando o filme acaba você fica sem argumentos para tentar derrubá-lo, se por acaso sua vontade for de derrubá-lo. Se o fato de ser melancólico é um defeito para alguns eu não sei, mas essa melancolia é indispensável para que a história tão devastadora seja contada. Em todos os sentidos a melancolia está presente. Principalmente na trilha sonora carregada do polonês Abel Korzeniowski.

O que mais chama atenção é toda a experiência que um estreante pode ter nesse ramo. Tom Ford, conhecido por seu trabalho no ramo da moda, assina seu primeiro longa-metragem. E parece satisfeito com o resultado, com razão. O novo cineasta é entrega um filme que contem a melhor atuação do ano: Colin Firth, em um papel à altura de seu talento. Sua fantástica atuação é o que há de mais avassalador no longa. Durante toda a projeção observamos com um aperto no peito a dor que o personagem de Firth sofre e a sensação é agonizante. Uma pena Colin Firth ter perdido as principais premiações, inclusive o Oscar para Jeff Bridges (que não deixou de merecer).

Obviamente, a única coisa que um espectador tem que fazer é assistir, em nada pode interferir na ficção. Ford joga na tela de um jeito que não seja apelativo um sofrimento interminável, chega até ser cômico assistir os momentos de solidão de George. Tudo o que faz lembrar o seu passado deixa os olhos fixos na tela. Tudo o que você precisa fazer é sofrer junto com ele. Está nos olhos dele, quando recebe uma ligação. Sua expressão é de espontaneidade; aos poucos essa fisionomia vai esfriando, quando você se dá conta já está perplexo, e talvez esteja até chorando junto com aquele personagem magnífico. É tudo muito repentino, portanto não pisque.

A equipe escolhida a dedo não deixa a desejar em nenhum momento sequer. O fotógrafo Eduard Grau deixa as cenas mais bonitas e muito mais atraentes. Usa em alguns momentos a fotografia em preto e branco. E Tom Ford parece só querer pessoas belas em seu elenco, até quem nem tem nenhuma fala. As cenas são tomadas por Colin Firth, mas os coadjuvantes também conseguem ter seu espaço. Julianne Moore, por exemplo, além de bela, está inteiramente entregue à sua pequena personagem. Nada que surpreenda quem já acompanha e gosta de seu trabalho.

Porém há algo que me incomoda. Essa obsessão pela perfeição beira ao surrealismo. Uma câmera meio desleixada uma vez aqui e outra acolá me faz uma falta danada na projeção. Posso estar procurando defeitos onde não têm. Ou implicando demais com um filme que só é preciso dizer o quanto ele é bom, mas penso que o cinema moderno segue menos as métricas convencionais, talvez isso explique a estranheza inicial. Que seja, Direito de Amar é ótimo e ponto!


Direito de Amar
(A Single Man, EUA, 2009)
Direção: Tom Ford Roteiro: Tom Ford, Christopher Isherwood, David Scearce Elenco: Colin Firth, Julianne Moore, Nicholas Hoult, Matthew Goode, Jon Kortajarena, Paulette Lamori, Ryan Simpkins, Ginnifer Goodwin, Teddy Sears, Paul Butler. Drama. 101 min.

10 comentários:

  1. Quando terminei de assistir "Direito de Amar", veio na minha cara um grande sorriso. Fiquei surpreso com o filme, com tudo, desde a parte técnica, fotografia e as atuações de Colin Firth e Julianne Moore. Um filme belo e incrível!

    Abs,
    cigarrosefilmes.blogspot.com

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  2. 5 estrelas não sem motivos né?

    Meu preferido do ano atrás só de O Segredo dos Seus Olhos!

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  3. Maravilhosa obra de arte que acerta em todos os níveis possíveis. 5 estrelas, idem.

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  4. Filmaço! Cada cena é de um cuidado, parecendo uma poesia. Fiquei bastante surpresa com o filme e com Colin Firth. Também dou 5 estrelas. ;)

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  5. Para mim, "Direito de Amar" é o melhor filme que eu vi, nos cinemas, em 2010! Uma obra sensacional, que mexeu demais comigo e que tem o tipo de trama densa e emocional que eu adoro. Tecnicamente, é uma obra linda e perfeita. E a atuação do Colin Firth é visceral!

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  6. Direito de Amar conseguiu conquistar uma vaga no meu top 10. No seu término, fiquei impressionado como eles conseguiram universalizar o amor dessa forma. Belo.

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  7. Delicioso, maravilhoso, intocavel, impecavel, incrivel e mais todos os adjetivos possiveis, o melhor filme de 2009, alias, uma OBRA-PRIMA!

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  8. Acho uma pequena obra-prima!

    Bem verdade, antes de ver este filme, nem esperava tanto dele, sério mesmo…até demorei de vê-lo em função disso. Ainda que goste dos trabalhos de Colin Firth.

    A maneira de colocar o personagem mais intimo do publico – com a narrativa em off, a trilha bela de Abel Korzeniowski pontuando suas emoções e, principalmente, o recurso técnico visual da linda fotografia (como você disse no post) são pontos perfeitos no filme – o uso das cores fortes, densas, quando representam algumas sensações de George é incrível de se ver…

    E é um filme que fala apenas de um homem que sente a perde de outro…de seu grande amor…um ser homossexual, sim…mas, o filme nem é panfletário…

    Eu gostei muito deste filme!
    Primoroso! Triste!

    Sou mais um que acho que o Firth merecia o Oscar e tenho dito! A trilha, de fato, merecia indicação e acho que tinha pontos positivos pra vencer.

    Beijo!

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  9. Eu concordo com o que a Kamila disse. Para mim, também, "Direito de Amar" é o melhor filme lançado nos cinemas brasileiros até agora em 2010...

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