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31 de jan. de 2010

Bastardos Inglórios (2009)


É absolutamente empolgante tentar compreender a mente de Quentin Tarantino. Quando você pensa que ele não o surpreenderá seu queixo fica no chão. É a situação que passamos diante de sua nova obra, Bastardos Inglórios, (talvez a forma mais genial de se fazer cinema na atualidade). Tarantino nos mostra a sua supremacia neste filme e prova que ele é o melhor roteirista de sua geração e um dos melhores diretores também. O cineasta superou as expectativas de quem não esperava muito e superou, principalmente, as expectativas de quem acreditava em sua capacidade; a forma como conclui seus filmes é de um cinema antigo e ao mesmo tempo contemporâneo, cinema bom e raro no mercado. Sabe quando estamos diante de um filme que perpetuará pela vida toda em nossas mentes e em alguns anos torna-se um clássico? Então, isso é Bastardos Inglórios.

Ele dividiu seu filme em capítulos, como fez em Kill Bill (destaco os dois primeiros). A maneira de fazer cinema do cineasta - que se diz, antes de tudo, cinéfilo - é transformar tudo aquilo que lhe é querido no cinema do modo que lhe é cabível. Como um bom fã do cinema ele é também um bom observador, e consegue selecionar aquilo que não deu certo outrora para corrigi-lo em seu filme. Sua fórmula para prender a atenção do espectador em um filme sobre uma estória tão contada, que é a grande II Guerra Mundial, é bem simples: ele não conta uma estória com os clichês convencionais, nem os exageros para se tornar memorável. Uma característica de Tarantino é que ele sempre acerta a dose. Até mesmo quando é para exagerar como em À Prova de Morte. É percebível que ele está sempre seguro da direção que sua estória levará.

Quentin Tarantino consegue sempre arrancar boas atuações de seu elenco, um dos maiores trunfos de Bastardos Inglórios, pois todos ali desempenham ótimos papéis e se a maioria deles não se destacam é justamente porque o personagem não dá espaço pra isso. Ele preocupou-se bastante com parte técnica de seu filme e não temeu aperfeiçoá-la; Enriqueceu o figurino, a direção de arte e a fotografia, principalmente. As críticas que diziam que seu estilo havia mudado em Bastardos, eu realmente não vi esta mudança. As opiniões devem ter surgido por ser um filme diferente das épocas em que ele sempre ambientou seus longas. Chega até ser inacreditável que tenham dito isso porque é bem notável que se trata de um filme do mesmo cara que trabalhava na locadora e iniciou sua carreira brilhantemente. A “Violência Tarantinesca” que incomodam alguns e agradam outros está presente; seu humor negro está presente; e o mais importante: sua câmera está presente.

É obrigatório comentar sobre o ator austríaco Christoph Waltz. A maneira como Waltz constrói seu personagem é perfeita: um ser perturbador, sarcástico, enigmático e totalmente civilizado. Torna-se facilmente o personagem mais interessante da projeção, aquele que o faz pensar no porque de seus atos, o força a pensar e não entrega o problema resolvido em sua mesa. É Waltz - com a ajuda do uso de câmera de seu diretor - que entrega uma dos momentos mais memoráveis do cinema nesta década. O soco no cérebro é repentino e imediato. A sensação na cena inicial é claustrofóbica e imune. Brad Pitt está caricato e hilariante, exatamente o que o personagem exige que ele seja e não, necessariamente, por tratar-se de uma atuação ruim. É possível que seja a obra mais completa do senhor Tarantino, mesmo que eu goste bastante de Pulp Fiction, compará-los é uma experiência bem difícil e interessante. Perdoem-me falar dos filmes anteriores do diretor, mas achei que fosse preciso para que entendessem meu ponto de vista. Faço sempre o possível para não levar para o lado pessoal quando vou analisar um filme, porém esquecer que Quentin Tarantino é meu diretor favorito enquanto assisto sua nova obra-prima é meio difícil. Não, na verdade é impossível.


Bastardos Inglórios
(Inglourious Basterds, EUA, 2009)
Direção: Quentin Tarantino Roteiro: Quentin Tarantino Elenco: Brad Pitt,
Christoph Waltz, Mélanie Laurent, Eli Roth, Michael Fassbender, Diane Kruger, Daniel Brühl, Til Schweiger, Gedeon Burkhard, Jacky Ido, B.J. Novak, Omar Doom, August Diehl, Denis Menochet, Sylvester Groth. Guerra/Drama. 153 min.

6 comentários:

  1. Tava comentando esse filme agora mesmo. É cinema de alto nível e não poderíamos esperar outra coisa do Tarantino. É aquele tipo de produção em que todos os elementos funcionam perfeitamente e o resultado não poderia ser menos que excepcional.

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  2. É impossival não gostar desse filme, acho que ele traz o melhor de Tarantino para as telas, o massacre o sangue, a ironia o roteiro, tudo funcional tão bem que é maravilhoso.

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  3. Ah, é uma maravilha... perfeição em celulóide. Adoro esta obra-prima.

    [*****]

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  4. Concordo plenamente com sua crítica. O que torma "Bastardos Inglórios" uma obra-prima é o modo como Tarantino contou a história, o colocando em um gênero alternativo, onde também está presente em alguns filmes dele que já conferir, que infelizmente não foram todas as películas dele. Depois deste filme, fiquei com vontade de conhecer mais a filmografia dele.

    Beijos! ;)

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  5. Jack, felizmente todo mundo gostou. Público, crítica, cinéfilos...

    Vinícius, isso mesmo. Exatamente!

    Luis, o melhor de Tarantino, com certeza.

    Wally, eu adoro esta obra-prima também.

    Mayara, conheça o quanto antes a filmografia de Tarantino, são todas jóias do cinema. O único que não conferi dele foi "Jackie Brown".

    Abraço à todos!

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