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19 de fev. de 2010

Nine (2009)


Quando você termina de ver Nine o primeiro pensamento que fica flutuando na mente é: este filme não foi feito para o público. E pra quem ele foi feito, então? Esta é a questão. Musicais não têm grande popularidade entre as pessoas, pois é difícil ou até impossível para elas gostarem de filmes em que os atores saem cantando no meio do diálogo, isso porque nenhuma pessoa sai cantando enquanto conversa. É uma experiência estranha para o espectador. Eu sou amante de musicais há pouco tempo e foi uma experiência bastante estranha ver Nine.

Então se o filme não agrada nem mesmo àqueles que gostam do gênero, quem ele vai agradar? O impacto inicial causado por Nine não é negativo, sua introdução faz esquecer que se trata de um musical e no momento que o gênero do filme é lembrado a música começa e junto à sensação estranha. Personagens que estão num lugar e que em seus números musicais estão em outro, como num palco da Broadway, na verdade são apresentações bem teatrais. Não compreendi a intenção de Rob Marshall e fazer seu filme dessa forma, mas prefiro que os personagens cantem no meio do diálogo, esta é a magia que eu conheço dos musicais e que nunca sai da moda.

Baseado no livro de Arthyr Kopit e no filme 8 e ½ (1963) de Federico Fellini o filme é sobre Guido Contini (Daniel Day-Lewis - vindo de seu Oscar de Sangue Negro, mas que não segura o filme sozinho, precisa do suporte dos outro) um cultuado cineasta que encara uma crise de criatividade enquanto é protagonista de uma série de conflitos pessoais. Seu maior desafio é buscar o equilíbrio entra a esposa Luisa (Marion Cotillard), sua amante Carla (Penélope Cruz), sua musa no cinema Claudia (Nicole Kidman), sua figurinista e confidente (Judi Dench) e uma jornalista de moda (Kate Hudson). Ele também relembra de seu passado com uma prostituta Sartaghina (Fergie) e sua própria mãe (Sophia Loren).

Fico um pouco receoso em falar de diretores que não conheço, mesmo assim este filme uma das maiores confusões do cinema que já vi. Muito provavelmente pelo fato de ter muitos personagens que têm pouco espaço na tela, mas que nem por isso perdem o seu brilho. O que me deixou com o olhar fixo na projeção de Nine foi o fato de ter atuações na média. Destaco Marion Cotillard que brilha mais que o resto do elenco, principalmente quando canta Take it All numa das cenas que faz valer à pena ver. A obra pode dar muito certo no teatro, mas no cinema não funciona. Porém, as atuações merecem ser lembradas, junto à sua fotografia belíssima e os figurinos sensuais. Estes são aspectos que não podem ser deixado de lado, mesmo que somente isso não torne a produção um ótimo filme.

Óbvio que a decepção surge. Todos os números musicais num mesmo cenário é, no mínimo, estranho de se ver. Talvez Rob Marshall fez uma tentativa frustrada de fazer um diferencial, mas é desta forma grotesca que ele pretende mudar o estilo dos musicais? Pergunto o que ele tinha na cabeça para colocar todas essas estrelas juntas e fazer uma bomba. Se no ano passado Austrália foi a decepção do ano mesmo não sendo um filme ruim, Nine ganha meu total repúdio. Uma infeliz coincidência colocou Nicole Kidman em ambos os filmes e, ao contrário do que algumas pessoas dizem, não a julgo responsável pelo fracasso dos dois longas-metragens. Ela não está em uma atuação ruim, até porque o filme dá pouco espaço para o elenco e quem quer brilhar tem que se virar nos trinta.

Disse que tais aspectos técnicos do longa não podiam ser ignorados e minha raiva só aumenta enquanto disserto. As ideias estão bem concluídas o bastante para saber que Nine não é um bom filme. Justamente por isso que retiro uma estrela de sua cotação inicial. Se as esperanças ainda existiam por um filme que deveria ser mal compreendido pela crítica, as esperanças desaparecem e dão lugar à realidade quando assistimos a loucura de Marshall.


Nine
(Idem, EUA, Itália, 2009)
Direção: Rob Marshall Roteiro: Michael Tolkin, Anthony Minghella Elenco: Daniel Day-Lewis, Marion Cotillard, Penélope Cruz, Nicole Kidman, Judi Dench, Kate Hudson, Sophia Loren, Fergie. Musical. 118 min.

7 comentários:

  1. Nine não deixa de ser um filme agradável, com um grande sentido de entretenimento. É divertido e razoável, um excelente caso de amor ou ódio e uma fotografia primorosa da autoria de Dion Beebe (Chicago) Não deixa contudo de ser uma respeitosa homenagem aos filmes italianos de 60 e 70 e especialmente a 8½ de Federico Fellini na sequência de créditos final. Contudo, não deixamos de sentir um ligeiro desagrado e a certeza que Rob Marshall podia ter feito melhor.

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  2. Este nem me apetece, e acredite: Chicago só foi Chicago devido a uma Zeta-Jones inspirada. abs

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  3. Bem fraco, não? Apesar do elenco ótimo!

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  4. É daquele tipo de filme que tenho pena por não darem certo. Pena pelo cinema musical, que agora está mais desacreditado no que nunca. Mas mereceu o gigantesco fiasco nas bilheterias, não há nada que se aproveite.

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  5. De fato sou um dos poucos (pouquíssimos!) que realmente gostou do filme. Acho que a força dele está no diretor fracassado (que poderia muito bem ser o Rob) e nas mulheres (mesmo nas pequenas aparições) que encantam. Gosto muito das musicas, dos figurinos, do elenco - pouco aproveitado, é verdade - dos cenários, enfim, me encantei.

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  6. Ainda estou curioso, apesar das críticas bem duras - como a sua.

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  7. Já perdi as esperanças com este filme, rsrsrs. Verei, mas com certas resalvas.

    Beijos! ;)

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